sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

IDHIOTS E A POLÍTICA VALENCIANA





Na civilização grega antiga, IDHIOS significa "privado". A palavra IDHIÓTS (ou, do latim, IDIOTA) era usada para designar todo aquele cidadão privado, individualizado e que não tinha o menor interesse pela vida política (a vida da comunidade grega, da POLIS). Era um termo pejorativo, sim! Naquele tempo, a atividade política, ou seja, a participação do povo nas decisões administrativas da cidade era fundamental. Não se admitia o cidadão isolado, mas, antes, nas palavras de Aristóteles, o homem era um animal político! Do aumento do pão às decisões de guerra, tudo se passava uma ampla discussão com a comunidade e o interesse de todos prevalecia sobre os interesses de ou outro cidadão... os gregos chamara isso de democracia.

Hoje temos uma democracia muito mais avançada que a democracia da Grécia antiga, com maior inclusão social e, com certeza, muito mais livre em nossas decisões políticas do que muitos países contemporâneos. Mas ao mesmo tempo, temos muito mais IDHIÓTS. Sábado, dia 5, após a "bombástica" suspensão das eleições de Valença, naquela manhã na rua dos mineiros, uma parte da população descontente, acompanhando candidatos ou vestido de palhaços protestaram, mas, por outro lado, uma enorme quantidade de pessoas que, nas suas atividades cotidianas de compras em mercado, sagrada cervejinha do sábado, passeios no centro, simplesmente andavam de um lado a outro sem se importar com a fala de nenhum dos candidatos. Era como se com lideranças políticas ou sem, a vida continuasse. Ou apenas ouvia alguns minutos de discurso e logo saiam para seus compromissos pessoais.

Durante 1 meses, vimos comícios totalmente vazios ou mascarados pelas bandeiras pagas que se agitavam. Musicas que eram cantadas por alguns como uma moda de axé ou funk, com descaso ou ironia, mas nunca com comprometimento. Por que os IDHIÓTS cresceram tanto?

Não porque a população não tenha seus candidatos, mas porque nada se apresentava de novo, numa contínua repetição de tudo que temos visto durante alguns anos. Os candidatos não mais encerram qualquer exemplo moral. Não há mais nada neles que inspirem aquilo que Hegel, filósofo alemão, chamava de Wolkensgeist, ou seja, o ESPIRITO DO POVO, enfim, aquilo que todos os valencianos querem, almejam, desejam. Aquilo que no fundo nos representa. A falta de firmeza de caráter, percebida pela população através de várias uniões sinistras, levou a todos a mais profunda descrença.

Enquanto eu olhava na TV os protestos na França contra a diminuição de verbas para educação, no Egito contra a implantação de uma política familiar suja e no Líbano, contra o retrocesso que o partido muçulmanos tentava promover através do primeiro ministro, aqui eu via uma população totalmente alheia a qualquer manifestação, de qualquer interesse público, de qualquer forma diálogo com as "lideranças". É como um animal baleado que se entrega à morte por não ter mais esperança na salvação.

Na Grécia antiga os IDHIOTS não eram seguidos, mas o DEMAGOGOS, com seus discursos inflamados, técnicos e esperançosos, lideravam aquela população. Hoje, aqui, estamos órfãos dos Demagogos ao estilo grego.

Nos 25 anos de administração pública municipal os “titulados”, “diplomados”, digníssimos prefeitos e vereadores, mataram gradativamente o espírito político mostrando que a prática do IDHIOTS era o caminho correto. Muitos que aqui moram e são capazes de administrar com eficiência esta cidade nem sequer pensar em trilhas os caminhos da política pois tem vergonha de assumirem cargos públicos nesse estado que aqui se configurou. Para o povo, simplesmente se candidatar se tornou sinônimo de "se arrumar financeiramente"! Essa cultura tem matado líderes. Aqui o talento, que deveria proporcionar riqueza, foi substituído pelo talão (de contra-cheque gordo). Mas se esqueceram que um imbecil com um salário público alto nada mais produz que um burro rico e um povo pobre. E para completar o assassinato, o Tribunal Eleitoral matou a credibilidade que o povo tinha nas instituições judiciária, já que o legislativo e executivo municipal se perdeu desde o fatídico episódio da câmara ter aprovado uma lei orgânica municipal copiada de uma cidade litorânea e nem sequer leram o que estavam aprovando até nas disputas de quem acertava a cabeça de quem com o celular.

O povo valenciano precisa de emprego e acima de tudo, condições para criar postos de trabalho, reforma tributária, melhorias na educação e saúde, quadras esportivas e limpeza pública, mas, acima de tudo, o espírito do povo valenciano quer Respeito, Transparência e Dignidade, coisas que os políticos têm que colocar em suas agendas e projetos e que nascem a partir de suas ações e não de seus discursos ou alianças. Alianças trazem verbas, mas só o caráter é capaz de trazer esperança. Estamos vivendo épocas difíceis, onde recursos financeiros são mais fáceis de encontrar do que ética. Que todos nós possamos sair da condição de IDHIOTS e impedir o último tiro numa cidade que ainda tem pela frente muita história para contar.



Prof. Rabib Floriano Antonio
Historiador-Professor de História
Fundação Dom André Arcoverde
Tel institucional: (24) 2453-1888

Tel pessoal: (24) 92545997

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Aguardem